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O maior presente para nossos filhos

data-filename="retriever" style="width: 100%;">A imagem no vídeo não deixava dúvidas sobre o temor e constrangimento que a criança sentia. Ainda que a audiência judicial fosse feita na forma de "depoimento sem dano", o menino sabia da importância daquele momento. O ambiente acolhedor onde se encontrava e o auxílio especializado da assistente social pouco reduziam seu estresse.

Sabia que na sala ao lado estavam as pessoas que iriam decidir seu futuro, considerando que seus genitores não conseguiam entrar em consenso em pontos aparentemente singelos, como divisão das férias, datas festivas e período da convivência parental. Para tanto, foi necessário ouvir a própria criança, na busca de seu melhor interesse.

O litígio do divórcio extrapola a separação, a partilha dos bens ou o valor da pensão. Ele se estende por tempo indeterminado na luta pela "posse" dos filhos menores. A guarda compartilhada legalmente determinada não conseguiu superar os conflitos, pois os casais parecem ignorar que, ainda que o tempo seja o melhor remédio para superar as mágoas estabelecidas, existe um bem maior que são os próprios filhos, cujos interesses não podem esperar.

As atitudes para conquistar a cumplicidade do filho vão desde a própria vitimização, até o oferecimento de presentes caros ou o mimo excessivo. A superproteção se faz presente, não somente pela insegurança social, mas também pelo receio da crítica do outro genitor.

Nessa luta interminável, crianças de tenra idade estão tomando antidepressivos, dividindo seu tempo com psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos e outra terapias. Pré-adolescentes, presenteados por videogames e aparelhos tecnológicos de última geração, ainda são totalmente dependentes de seus pais até mesmo na sua higiene mais básica. Meninos e meninas que não sabem andar nas ruas, pois se deslocam em automóveis da segurança de suas residências para os pátios das escolas, ou para o interior dos prédios fechados. No entanto, são usados como instrumento de disputas e, quando menos esperam, encontram-se frente a um juiz para ajudar na resolução de controvérsias acerca do que deveria ser a sua rotina.

A psicóloga paulista Rosely Sayão refere que educar pressupõe sempre desagradar a criança. Vamos além, educar também pode significar desagradar o outro genitor, assumindo corajosamente sua responsabilidade. Se duas pessoas não conseguem entrar em consenso sobre essa difícil tarefa, delegando a tomada de decisão das questões mais simples e rotineiras para um Judiciário sobrecarregado e despreparado para tanto, o que esperar para o futuro dessas crianças, as verdadeiras vítimas nos processos que tramitam nas Varas de Família?

Se os pais desejam o melhor para seus filhos, é preciso que se conscientizem que o maior presente e herança que lhes podem oferecer é o exemplo da maturidade, da tolerância e do perdão. Só assim se estarão abrindo os caminhos para que assumam suas próprias vidas na busca da autonomia e felicidade. Bom Natal a todas as famílias!

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